O que está por trás do movimento de solidariedade à Vereadora Marielle Franco?

O que está por trás do movimento de solidariedade à Vereadora Marielle Franco brutalmente assassinada?

No dia 14-03-2018 três assassinatos brutais aconteceram no Rio de Janeiro. Mas, esse fato nada tem de inusitado. Os homicídios naquela unidade da Federação, como no resto das demais partes do nosso imenso Brasil, está se tornando uma rotina que sequer chama a atenção do grande público.

Mas, desta vez, o assassinato covardemente perpetrado contra a Vereadora Marielle Franco comoveu o país inteiro, inclusive, com repercussões no exterior. Essa gigantesca manifestação popular no Rio de Janeiro e em outras capitais, como a de São Paulo aconteceram no dia 15 passado. Aqui uma das principais vias de acesso, como a Avenida Paulista, ficou inteiramente tomada prejudicando a locomoção das pessoas trabalhadoras. Na concentração em frente à Câmara Municipal para protestar contra a votação de projeto legislativo que aumenta a contribuição social dos servidores, foi dedicado um tempo para fazer ruidosa manifestação de solidariedade a favor da família da Vereadora vitimada.

Nessas concentrações haviam gritos, ao que tudo indica previamente ensaiados, como: “Fora Temer, Viva Lula etc.” que pouco tem a ver com a manifestação de solidariedade à família da Vereadora.

Há sete anos, exatamente no dia 12-8-2011, quando a juíza Patrícia Acioli que atuava na Vara Criminal de São Gonçalo foi brutalmente assassinada com 21 tiros de grosso calibre (40 e 45) de uso privativo das forças policiais não houve manifestações populares tão gigantescas como a do dia 15 passado. No entanto, ela foi assassinada por exercer com honradez e firmeza as atribuições de seu cargo de juiz criminal, condenando policiais criminosos que se afastaram da missão de proteger a sociedade pagante.

Mas, o que mais desperta a nossa curiosidade é o fato de que as outras duas pessoas igualmente assassinadas de forma brutal, no mesmo dia, não mereceram lembranças do público manifestante. Anderson Rodrigues, o motorista da Vereadora vitimada, foi citado esporadicamente durante as manifestações apenas por efeito colateral porque estava junto com a Vereadora no momento de sua execução.          É certo, todavia, que a manifestação de tristeza e de dor ficou apenas por conta de sua família. Nada de condolências públicas, nada de registro histórico.

Mais curioso ainda, é a total ausência de manifestação quanto ao empresário Claudio Henrique Costa Pinto, que foi assassinado em circunstâncias mais grave, ou seja, foi morto com quatro tiros disparados por um assaltante, diante do seu filho de apenas cinco anos, que desolado ante o corpo inerte de seu pai, chorava e gritava: “Mataram meu pai”. Nenhuma lembrança de seu nome ante o brutal assassinato, apesar de toda a cena ter sido gravada pela câmera postada na via pública que mostra, inclusive, o filho menor agoniado e chorando.

É de se perguntar, que manifestação de solidariedade é essa em que seus participantes ditam palavras de ordem, perturbam a vida dos cidadãos ordeiros e trabalhadores, e quase partem para quebradeira generalizada? Será que tudo isso é pelo amor que dedicavam à ilustre Vereadora vitimada?

O que está, na verdade, por trás desse estranho movimento de solidariedade?

SP, 19-3-2018.

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